Blog destinado a postagens relacionadas a Contaminação por PCBs (Bifenil Policlorado) e suas relações com o estudo da bioquímica . Atividade da disciplina de Bioquimica Médica,sendo cursada por Caio de Sousa Andrade, ministrada pelo Prof. Dr. Osmar Cardoso, na UFPI

Pesquisar neste blog

sábado, 5 de julho de 2014

Postagem no. 6: Contaminação ambiental de PCBs no Brasil

A legislação brasileira passou a proibir a comercialização e produção de PCBs( aqui comercializados com o nome de Ascarel) em 1981. Os PCBs, no entanto, começaram a ser produzidos em 1920 e , até sua proibição, quantidades gigantescas desses compostos foram usados numa ampla gama de produtos, como transformadores, lâmpadas fluorescentes, capacitores e trocadores de calor, e  a legislação nova não exige a substituição de ascarel nos equipamentos que usavam essas substâncias, desse modo possibilitando uma disseminação de produtos com PCBs por todo o território, o que acarreta em muitos riscos para a saúde ambiental e para a saúde da população em geral.
Um dos maiores perigos da existência de equipamentos , muitos abandonados sem um acompanhamento adequado, que utilizavam bifenilas policloradas, é o acesso da população ignorante dos efeitos nocivos dessas substâncias. Assim, muitas pessoas podem causar vazamentos dessas substâncias ao, por exemplo, coletar peças para se vender em ferros velhos ou em sucatas. Exemplificando isso, pode-se citar o caso que aconteceu no bairro de Irajá, no Rio de Janeiro, em que moradores da região invadiram uma subestação de metrô inoperante, onde havia transformadores que utilizavam ascarel. Ao desmontar a estrutura para obter peças que poderiam ser vendidas em sucatas, causaram o vazamento de cerca de 400L de ascarel, que contaminou um contingente considerável de pessoas, sendo que algumas admitiram ter usado o óleo para fritar alimentos, que , inclusive, eram vendidos no comércio local.
Outro incidente bastante preocupante e que demonstra a negligência do país em relação às medidas de controle de PCBs no país foi o vazamento que ocorreu em uma central elétrica desativada em Florianópolis, onde um vazamento de um transformador durou mais de 2 meses até ser notado. Uma reportagem sobre o assunto deixa bem claras as deficiências do país em relação as medidas de prevenção à contaminação ambiental de PCBs: "Como esse óleo foi parar num galpão, sem qualquer proteção? Que outros galpões haverão por aí com produtos desse tipo, sem que se saiba? Como um produto tão perigoso, usado em equipamentos que estão por aí aos milhares (como os transformadores) não têm um programa de proteção para descontaminação em caso de acidente? "
A contaminação por bifenilas policloradas não é algo que se pode negligenciar, tendo em vista seus efeitos extremamente nocivos à saúde humana, sua difícil remediação e seu caráter persistente e bioacumulativo. As medidas de contenção à essas substâncias são insuficientes e essa situação não parece tender a mudar até que  haja um acidente próximo a fontes de recursos naturais importantes causando efeitos bem piores do que os que já aconteceram e a situação não possa mais ser ignorada. Vamos torcer para que isso não aconteça.
http://www.brasildefato.com.br/node/11834
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/7/03/cotidiano/21.html

7 comentários:

  1. Impressiona como os órgãos de segurança alimentar ainda não estabeleceram programas específicos para lidar com os PCBs. Isso, pois como alertou a postagem pode haver uma contaminação em qualquer lugar - através do descarte de produtos com PCBs na natureza - e isso pode afetar qualquer setor de produção, inclusive o de alimentos. Sendo assim, deve-se atentar para o problema e deveria haver um pensamento voltado para tornado a legislação brasileira menos negligente sobre o assunto

    ResponderExcluir
  2. Esse e outros exemplos mostram como a fiscalização desses materiais e de como eles são utilizados e manuseados ainda é falha. Os PCBs, que são substâncias altamente tóxicas, não deveriam passar por uma fiscalização completamente leviana. Assim, o ser humano, e todo o restante do meio ambiente ficam vulneráveis à poluição por PCBs, o que pode causar um desequilíbrio ambiental sem precedentes. Como é um produto artificial, não existem mecanismos biológicos para a degradação rápida destes, o que comprova seu efeito bio acumulativo. Esses fatores, juntamente com a falta de informação de muitas pessoas, permitem uma condição de extrema fragilidade quanto aos PCBs.

    ResponderExcluir
  3. Como já se disse no blog, os PCBs são lipossolúveis, logo, se acumulam ao longo da cadeia alimentar. Sendo assim, é imprescindível que sua interação com o meio ambienta seja controlada. O que, como vimos na postagem, não vem ocorrendo de forma total.Os PCBs podem sofrer, ao longo da cadeia alimentar, um processo de bioconcentração e biomagnificação. Bioconcentração é o mecanismo pelo qual ocorre acúmulo do contaminante resultante da absorção e eliminação simultâneas. Biomagnificação resulta do processo de acúmulo da concentração do contaminante nos tecidos dos organismos vivos na passagem de cada nível trófico da cadeia alimentar. Estima-se que devido ao grande emprego de PCBs a produção mundial acumulada foi de aproximadamente 1.200.000 toneladas. Deste total, cerca de 60% foi utilizado em transformadores e capacitores, 15% para fluídos de transferência de calor e 25% como aditivos na formulação de plastificantes, tintas, adesivos e pesticidas. Pode-se estimar que cerca de 40% (300.000 toneladas) entrou para o ambiente desde 1920 e que grande parte do restante ainda está em uso, principalmente em equipamentos eletro-eletrônicos antigos, com diversas denominações, logo, é preciso tomar cuidado.

    ResponderExcluir
  4. Esses fatos mostram o quanto a população está ameaçada, senão nesse momento, mas a longo prazo, pois muitos outros produtos que foram produzidos com base nos PCBs estão perdidos por aí no meio ambiente. A falta de interesse do governo brasileiro com os efeitos dessas substâncias ficam também evidenciadas no fato de que nenhuma das técnicas de biodegradação dos PCBs se faz presente no Brasil. Há somente uma pesquisa em andamento em um laboratório de Curitiba no sentido de retirar PCBs do meio ambiente, mas ainda está em fase de testes.

    ResponderExcluir
  5. No caso do vazamento na central elétrica em Florianópolis, os 12 mil litros que vazaram estavam sem qualquer proteção e sem que se levasse em conta a periculosidade. A sorte foi que o funcionário percebeu que havia algo errado e procurou os técnicos da universidade que trabalham ao lado do galpão da Celesc. Ainda assim, o produto vazou por mais de dois meses, e os efeitos disso podem ser muito perigosos para toda a cadeia de vida da região. Conforme o coordenador da Federação das Entidades Ecológicas Catarinenses, a contaminação vai se dando muito lentamente e, depois, pode se alojar nos animais, nas plantas e consequentemente nas pessoas que comerem esses produtos. Também pode contaminar a água e todo o subsolo. O problema é que esse produto é altamente tóxico e a ingestão de quantidades microscópicas já é um problema. Porque ele vai acumulando no organismo e pode gerar problemas por gerações.

    ResponderExcluir
  6. Essa questão do acesso da população ignorante ao produto e da negligência por parte dos órgãos responsáveis fez-me lembrar do acidente radioativo de Goiânia, em 1987, já que,a grosso modo, a causa de contaminações por substâncias perigosas no Brasil está relacionada mais à falta de acompanhamento do governo e a falta de conhecimento da população sobre tais questões do que ao próprio poder de contaminação da substância. Dessa forma, prova-se que conhecimentos bioquímicos são de extrema importância para todos os profissionais da área da saúde, que deveriam ter a obrigação de compartilhar com a população em geral sobre questões ligadas à nossa realidade e ao cotidiano, a exemplo da contaminação por PCBs, informação a que poucas pessoas têm acesso.

    ResponderExcluir
  7. É incrível como a falta de informação pode fazer uma população de auto contaminar por PCBs. Se até pilhas que sabidamente causam contaminação de recursos hídricos são descartados às vistas do governo sem que seja tomada nenhuma providencia, não é de se estranhar que PCBs, muito menos conhecido possam causar desastres ambientais ainda mais graves. É necessário que ao se proibir um composto, as empresas que o usavam ou o governo ajam para retirar esses produtos do meio. Caso contrario, o desuso instituido por lei acaba por tornar lixo esses produtos, que como todo lixo mal descartado, gera risco à saúde das pessoas.

    ResponderExcluir